Quando devemos ferir – segundo Bert Hellinger

Quando as ações de um parceiro, num relacionamento íntimo, resultam em separação, tende-se a acreditar que ele fez uma escolha livre e independente. Mas sucede às vezes que, se esse parceiro não agisse, sofreria algum dano. Os papéis então se inverteriam, com a culpa e as consequências mudando de lado. Talvez a separação fosse necessária porque a alma exigia mais espaço para crescer e quem partiu já estivesse sofrendo. Em diversas situações, o sofrimento é inevitável. As escolhas podem ficar limitadas a atos que façam brotar algo de construtivo da dor inevitável que devemos sofrer ou infligir. Não raro, o parceiro permanece numa situação dolorosa até padecer o bastante para compensar o sofrimento que sua partida causará ao outro. Quando parceiros se separam, nem sempre o que parte é o único a ter novas oportunidades. O que fica também pode recomeçar. Mas aquele que se apega ao sofrimento e repele as possibilidades construtivas oferecidas pela separação torna difícil, para o parceiro que se foi, iniciar vida nova. Ficam então firmemente ligados um ao outro, apesar da separação. Por outro lado, se aquele que partiu acolhe a oportunidade de fazer algo melhor, propicia também ao que ficou liberdade e alívio. Tirar alguma coisa realmente boa da desgraça é, talvez, a forma mais edificante de perdoar, pois, nesses casos, reconcilia mesmo quando a separação persiste.